sexta-feira, março 16, 2007

num esgar de palavra qualquer

Fala-vos alguém com sangue duma espécie qualquer a correr por dentro de entre veias e vasos cheios. Ocorrem-me muitas palavras neste momento tão solene, qual tomada de posse de um qualquer cargo, mas encontro-me ainda de certa forma esmagado pela velocidade escaldante com que me pus a devorar num repente nostálgico este rasgo de genialidade do Canibal dos Mão Morta. De todos nós, que vamos arrastando nossos cadáveres de carcassas desfiguradas por entre o trânsito do fim da tarde, ele atinge o melhor vómito de todos e é sem dúvida um dos maiores poetas do submundo literário considerado imundo aos olhos dos literários e outros vultos, vulgos escritores. Poesia de desespero maldito sob uma visão de vício e neons povoados pelo negro a cores e pelo psicadélico das emoções e gritos. Tem algo de sofrido mas profundamente genial. Eu tive um blog mas digo-vos o que falhou. O que falhou foi o marasmo do mesmo sítio, sempre o mesmo no mesmo ritmo. Faltou também alguém que chegasse ali e amandasse o tal vómito ou eu próprio querer dar esse contributo poderoso à vista de quem passa e e que vai ficando até mais ver umas outras linhas de algum progresso culto-literário. Mas eu cheguei a um ponto em que não me vi e nem me revi no espaço dos feedbacks com opiniões que se tornaram senso comum e opinião tão feita e quase automática aos olhos daquele que aspira a ser algo mais do que um simples Ele com nome e com uma poesia de letras mais ou menos afirmadas pelas palavras dos outros. Poderá ter enchido o ego em alguns momentos mas não a alma e ambos são alimentados na essência através dos vómitos que nós próprios soltamos para fora e sobre nós mesmos e até daqueles que engolimos quando pensamos que podemos vir a sujar alguma coisa, o que é puro engano. Vómitos podem muitas vezes limpar os enganos. Poder-se-á soltar o génio. Foi isso que fiz. Não através de vómitos mas através de enredos de palavras e conjugações ideais de forma a criar uma composição adequada àquilo que achava ser os meus padrões e parâmetros de exigência e preenchimento da alma. Num certo plano e nível, tais exercicios continuam a ser muito importantes para a descoberta de um eu e tais trilhos continuo a traçar mas mais em solidão e em divórcio com este outro mundo, porque a haver um espaço certo para se ler e ter a poesia será nos livros ou em canções ou nos desertos de silêncio e voz de declamação. A beleza de tais composições não pactua com o lugar vulgar de sensação que a internet oferece sob todos os planos. Existem algumas excepções, alguns casos em que a internet pode ser um espaço previligiado na divulgaçao e mostra de algumas coisas bem interessantes. Por agora e por aqui, mostrar-se-á então, a espécie.

Alguém se balança E há mesmo alguém que dança...”

1 comentário:

ELA disse...

Parabéns pelo post. Parece-me, caro declanado, que se encontra em estado de permanente conflito entre a alma e o ego. Seja qual for a sua opção ou, simplesmente, a sua permanência no conflito, digo-lhe que tem o dever de continuar a escrever. Bem Haja.