De facto, o que anima a política e a democracia são situações como aquelas que se passaram à saída do “conselho nacional” do PP. Isto é que faz as pessoas renderem-se. A agitação interna destes menores do sistema político português fez com que acompanhassemos com alguma perplexidade (ou não se tratassem dos “democratas cristãos”) aos desenvolvimentos, que à hora certa iam actualizando-se com as mais diversas intervenções. Não vale de muito tentar apurar quem é ali o sovina de serviço pois tomo-os todos como farinha do mesmo saco embora confesse que nutro por Portas uma irritação profunda. É tudo uma questão de estilo, forma e conteúdo, uma combinatória de factores que desagradam profundamente e que são suficientes para desligar o televisor ou mudar de canal mal a sua imagem imaculada aparece no écran, mas esta situação foi diferente. É precisamente na tensão que advém desta luta pelo poder que as pessoas envolvidas se revelam no seu estado mais puro, no seu verdadeiro estado ali no palco real sem os arranjos cénicos do debate na televisão, ali com os nervos à flor da pele e as aparições a quente já quando a noite vai longa e os cabelos já desgrenhados se erguem a uma desordem contundente. É coisa que até merece ser vista, para que se acredite.
Os eleitores não precisam de modelos e muito menos que os políticos sejam embaixadores do bom comportamento. Ao ponto a que chegamos, as pessoas gostariam mais que eles chamassem nomes uns aos outros mais vezes, se possível que andassem à bofetada no parlamento e que dissessem umas gaffes, como o Bush, mas à portuguesa. E essas coisas é que ficam na memória. Os portugueses não se lembram dos discursos que Guterres ou Cavaco fizeram quando eram primeiros-ministros, qualquer coisa que ficasse como o I have a dream (à portuguesa, claro), mas todos nós lembramo-nos dos cálculos ridículos do engenheiro ou da estratégia do bolo rei que o agora presidente utilizou noutros tempos para fugir às perguntas dos jornalistas. Mas se por um lado, quando aparecem na televisão certas figuras públicas que de imediato fazem soltar em nós o formigueiro no dedo suficiente para mudar de canal, por outro lado reconheço que Portugal precisa de Carrilhos, Santanas e Portas a fazerem figuras tristes nas campanhas e nos debates. É isso e essas personagens que animam a democracia e neste momento a luta política. Porque isto é tudo um tremendo circo e nesta actividade como em qualquer outra há profissionais melhores e profissionais piores, palhaços bons e palhaços secos. Exemplo de palhaço seco é Socrates. O Primeiro não tem carisma, coisa que os outros palhaços (aqueles que verdadeiramente animam) têm embora sejam o rosto duma demagogia e hipocrisia tocante.. Em relação ao CDS-PP é também tocante toda aquela paixão e solidariedade que paira no ar. Nunca antes a palavra partido se encaixou tão bem. Abram alas ao Portas. Que o partido quebre de vez.
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